Conversas com a Lua parte 2


Era uma visão meio estranha a que eu tinha da janela do meu quarto... Na direita eu podia muito bem ver as árvores de reserva que havia ali perto, na esquerda eu também podia ver árvores, mas eram diferentes das árvores da direita, afinal, eram árvores que tinham raízes fincadas em um cemitério. Acima dessas árvores estava a lua, a mesma com que eu conversara outro dia.


LUA: Hey menina, sumiste! Estranhei não te ver no outro dia para terminarmos aquele diálogo.


EU: Aconteceram tantas coisas!


LUA: Se estás a rir é porque as coisas foram boas. Conta-me: esqueceu-o?


EU: Ah, amiga querida, quem me dera! Bem sabes que o coração é surdo, mudo e cego... Quer dizer, não tão cego...


LUA: Vistes, pois, algo que te interessas... Conta-me como ele é! Recuso-me a te ouvir tagarelar outra vez sobre algo que estava fadado a quebrar.


EU: Bem, tem dois. Conheci a ambos ontem. Quer dizer, eu ainda não os conheço muito bem. Mas são fofos.


LUA: Estás a julgar pela aparência?


EU: Não. Já errei por fazer isso. Mas com tu bem sabes, beleza atrai e conteúdo convence, não é verdade? Vi-os ontem, fui apresentada... Agora me resta esperar que os dados de Nimb sejam bem rolados.


LUA: Dados de quem, pequena criatura desmiolada???!!!


EU: Ahhh, deixa pra lá. Isso quer dizer que eu espero que a sorte esteja do meu lado. Quem sabe?


LUA: Quem sabe o quê? Pretende usar esses pobres rapazes em suas tramóias desmioladas?


EU: Que tramóias?


LUA: Nada de fazer esse ar inocente, pequena criatura maquiavélica! Bem te conheço. Conta-me logo o que pretendes fazer!


EU: Beijar na boca... Ou não.


LUA: O que queres, pois, dizer com “ou não”?


EU: É porque eu quero, mas isso não quer dizer que eu vá beijar, não é verdade?


LUA: Tens razão. Fora essas duas pobres vitimas que talvez sejam seus futuros ex-namorados, tens mais alguma novidade?


EU: Só sobre ele, quer ouvir?


LUA: Imagino não ter escolha, afinal, te segurastes mais sobre o assunto do que das outras vezes.


EU: Bem, não tens mesmo, Lua resmungona.


LUA: Pois aproveite os poucos minutos antes do nascer do sou para chorar em minha companhia.


EU: Sabes bem que, por ele, não choro.


LUA: Admiro-te por isso. Foi tal ação que me fez vir ter contigo.


EU: Pois bem, vou contar-te. Lembra o que falei sobre os costumes dele?


LUA: Mais do que eu gostaria de lembrar.


EU: Ele aprontou uma esses dias, sabe? E eu fiquei com pena... Como uma criatura consegue ser tão tola? Não dá valor às coisas realmente boas da vida?


LUA: O que é bom para ti nem sempre será para os outros.


EU: Mesmo que se trate de saúde?


LUA: Bem, conseguiste me pegar. Ponto para você. Algumas pessoas simplesmente não ligam para isso.


EU: Pois bem. Tais pessoas para mim são completas babacas.


LUA: Até ele?


EU: Inclusive ele.


LUA: E o que serias tu, que tem sentimentos para com esse babaca?


EU: Já não são tantos sentimentos assim. Aos poucos eu estou aprendendo a simplesmente deixar a existência dele de lado. Logo já não nos veremos com tanta freqüência. Será mais fácil me curar sozinha.


LUA: Se é mais fácil se curar só, por que não abandonou a companhia dele há mais tempo?


EU: Porque eu precisava da proximidade pra me tornar forte...


LUA: E o que mais?


EU: Descobrir.


LUA: O que?


EU: Que aquele ALL STAR Azul não combina com meu Rosa.